A bandeira ESG, que nos últimos anos figurou no topo da lista de prioridades de empresas e conselhos istrativos, começa a perder força entre os líderes de negócios no Brasil. Segundo a nova edição do estudo “Líderes de Negócios e ESG”, desenvolvido pela Data-Makers em parceria com a CDN, caiu para 83% o número de executivos que consideram o tema relevante — o menor índice desde o início da série histórica. Em 2024, esse percentual era de 89%, e em 2023, 90%.
A pesquisa, realizada com 108 CEOs e C-Levels de empresas de diferentes tamanhos e setores, aponta ainda um cenário preocupante: apenas 13% dos líderes afirmam ter conhecimento avançado sobre ESG. É a taxa mais baixa já registrada. Ao mesmo tempo, dobrou o número dos que item não ter nenhum conhecimento sobre o tema — de 4% em 2024 para 8% em 2025.
O levantamento detecta no Brasil os reflexos da chamada “onda anti-ESG”, um movimento de ceticismo crescente em relação aos pilares ambiental, social e de governança. Para 66% dos entrevistados, o ESG perdeu relevância no mercado brasileiro. Entre executivos de grandes empresas, essa percepção chega a 71%.
“Embora ainda não se veja uma reversão completa de políticas ou investimentos, os dados indicam que o ESG está perdendo força como prática cotidiana nos negócios. Isso se reflete não apenas na percepção, mas nos orçamentos e estratégias”, afirma Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers.
De fato, 25% das empresas cancelaram projetos ligados à pauta, e 32% colocaram iniciativas em espera. As áreas mais impactadas incluem treinamentos, políticas de contratação, parcerias com organizações sociais e ações de comunicação.

Desalinhamento entre discurso e prática
Mesmo com a maioria dos executivos reconhecendo a importância do ESG, o distanciamento entre teoria e ação concreta é evidente. “O estudo mostra um grande gap entre o que se prega e o que se pratica. Ainda há muita iniciativa de fachada e pouca integração real à estratégia de negócios”, analisa Fábio Santos, CEO da CDN.
Outro sinal de desaquecimento é a perspectiva para investimentos: embora 58% acreditem que os aportes vão se manter, o número dos que preveem cortes subiu de 8% para 20% em apenas um ano.
O estudo acende o alerta: ESG não está mais no piloto automático. Ele exige atualização de abordagens, compromisso genuíno e engajamento da alta liderança. Para os especialistas, o desafio das empresas não é apenas manter o tema vivo, mas traduzi-lo em ações consistentes e mensuráveis que dialoguem com os novos níveis de exigência da sociedade e dos mercados.
“Estamos diante de um ponto de inflexão: ou o ESG se consolida como parte estratégica da gestão, ou corre o risco de virar apenas mais uma sigla esvaziada”, resume Fudissaku.

Quem vive o ESG na essência
Apesar dos números, existem empresas que seguem as práticas de ESG por já fazerem parte do branding da marca. Entre as organizações mais bem posicionadas segundo um ranking da FGV estão o Banco do Brasil, a Petrobras, a Ambev, a Suzano, a Caixa, o Bradesco, a Gerdau, a Natura, o Santander e o Itaú Unibanco. Elas se diferenciam por integrar os princípios ESG de forma consistente à estratégia e à operação dos negócios, indo além do discurso institucional e aplicando ações concretas em áreas como impacto ambiental, inclusão social, diversidade, transparência e governança.
Na Gerdau, a filosofia se traduz em práticas concretas, com confiança, autonomia e propósito compartilhado como pilares de gestão. “O líder de hoje precisa ser o catalisador do futuro que quer construir. A liderança de hoje exige que pensemos no impacto que queremos deixar para as próximas gerações”, enfatiza Pedro Torres, CMO da Gerdau.
Durante quase uma década trabalhando na Suzano, Pedro também participou de diferentes fases de crescimento e reestruturação, o que moldou sua capacidade de liderança e adaptação. “Quando você acompanha uma empresa por tanto tempo, aprende que resiliência e visão de longo prazo são fundamentais para seguir relevante”, afirma.
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